Diferentemente do preconceito que muitos possam ter sobre livros que
trazem estratégias para sermos aprovados em concursos públicos,
ressaltamos que eles não podem ser taxados pejorativamente como obras de
"autoajuda". Boa parte dessa literatura é bastante eficiente naquilo
que se propõe a tratar, porque parte das experiências pessoais e
concretas dos autores, os quais passaram por conflitos parecidos com os
nossos, ao longo da caminhada. Se é para nos focarmos em passar nos
concursos, poderia existir algum remédio para o ânimo mais eficaz do que
o testemunho dos outros?
Não se trata, portanto, de se acreditar naquele tipo de milagre que
aparece sem pagarmos o preço, mas apenas de se difundir uma cultura -
correta, por sinal - de que, na esfera das seleções públicas
(vestibulares, concursos, na escola, nos recrutamentos, etc) não podemos
nos esquecer de que fazemos parte de uma sociedade extremamente
meritocrática. Esforço pessoal, disciplina individual, obediência a
métodos de estudo, determinação, enfim, são todos elementos que,
comprovadamente, gozam de certo prestígio. Sem cultivá-los,
caminharíamos "contra o vento".
Para compreendermos um pouco mais
acerca do funcionamento dessa "dinâmica social", nada melhor do que
ouvirmos os conselhos de quem já passou por momentos em que a condição
sine qua non para
o alcance do sucesso foi arregaçar as mangas, traçar estratégias e
persistir na luta. É o caso, por exemplo, de dois autores de obras
recentes sobre como encontrar motivação para fazer concursos públicos:
Alex Viégas ("O Manual de um Concurseiro") e Fabrício Bittencourt ("O
Livro do Concurso Público"). Não iremos "chover no molhado" e resenhar
outra vez ambos os livros, porque isso já foi feito por gente do ramo.
Se lhe interessar, leia, por exemplo, a resenha que o blog do Charles
Dias fez sobre o livro do Fabrício
aqui, e o comentário que a editora do livro do Viégas fez,
neste link.
Nossa
intenção aqui é simplesmente atentar para o depoimento dos próprios
autores, os quais entrevistamos há poucos dias. Confira as suas
principais dicas.
Alex Viégas - "Manual de um Concurseiro"
Quais as principais questões abordadas no livro “Manual de um Concurseiro”? O que o motivou a escrever este livro?
O "Manual de um Concurseiro" é uma bênção para mim. Quando decidi
escrever um livro sobre a minha técnica, tinha em mente algo muito
claro: se esse método funcionou para mim, pode funcionar para muita
gente.
O mais impressionante deste método é justamente o fato de
eu nunca ter sido um aluno "cdf". Pra falar a verdade, eu nem sabia que
tinha a capacidade de passar em um concurso tão concorrido. Se me baseasse no aluno que fui na escola, jamais conseguiria ficar entre os aprovados.
Aí
está a origem da história do "Manual". Quando me decidi a estudar para
concursos, algo diferente aconteceu na minha mente, um método foi sendo
criado, conhecimentos que estavam na minha mente se juntaram. Se é para
ser sincero mesmo, vou dizer algo que nunca disse, acredito até em uma
missão transcendental acontecendo na minha vida naquele tempo, algo que
me trouxe até aqui nesta entrevista. Uma energia boa, que busca expandir
o conhecimento, que visa o bem de muitas pessoas, que tem como meta o
crescimento. Sinceramente acredito em um plano maior nisso tudo. Me
considero uma parte dessa história. Sinto o maior orgulho quando recebo
emails de concurseiros que conseguiram a aprovação aplicando a técnica
do Manual. Entre estes concurseiros, destaco o Alexandre Meirelles, o
maior divulgador da minha obra. Ele hoje, além de Fiscal de Rendas do
Estado de São Paulo, também é um dedicado estimulador de cabeças que
querem esta vitória.
Tudo isso tem um sentido cada vez maior pra mim. Sinto que fará parte
da minha vida até eu ficar velhinho. É um assunto que se transformou em
algo muito grande em meus dias. Estou sempre respondendo email,
vendendo livros pela internet, gravando vídeos no youtube, é um trabalho
a mais, mas com um prazer de alma.
O livro apresenta aos
concurseiros o Método das Fichas, que vem se popularizando cada vez
mais. Como funciona este método de estudo?O método das
fichas tem um princípio bastante simples: divida o assunto em várias
partes, é isso. Aliado a este princípio, existe o conhecimento sobre os
lados do cérebro, o direito e o esquerdo, como cada um interpreta uma
informação.
Completando a ideia, está a boa e velha revisão, que
considero o pulo do gato, saber manter aquele conhecimento contido nos
blocos de fichas em uma área de memória próxima.
No livro explico
isso com mais detalhes, mas este é o básico da técnica. Com o tempo, a
releitura dos blocos de fichas vai se tornando mais fluida, assim como a
construção dos mesmos. Este é o sinal de que o cérebro está evoluindo
naqueles conhecimentos. Isso tudo vai dando segurança a quem estuda. De
repente a solução das questões chega com mais facilidade e nós sentimos o
progresso de nossos esforços. É gratificante mesmo antes de chegar a
aprovação.
A carreira pública sempre foi a sua meta desde
os tempos mais longínquos de sua formação ou você, em algum momento da
vida, pensou em trilhar outros caminhos?Um ano antes de
ser aprovado, eu não sabia o que era Fiscal da Receita. Não tinha a
menor ideia de como eram estes concursos e como se fazia para passar.
Era totalmente leigo mesmo. Meu sonho era ser jogador de futebol (até
hoje minha maior frustração). Depois fiquei algum tempo perdido até
encontrar a estrada dos concursos.
Neste momento, o exercício do seu cargo público representa o
alcance pleno de seus objetivos profissionais ou ainda pensa em
participar de outras seleções futuramente?
Estou
satisfeito com meu cargo, isso é muito importante na vida. Na Receita
Federal tive e tenho o prazer de cultivar grandes amizades, pessoas de
bem, honestas, trabalhadoras, com uma cabeça boa, com que gosto de
trocar ideias sobre os mais diversos assuntos. Tenho um ambiente de
trabalho excelente. Não tenho qualquer motivação para estudar para
outros concursos. E como disse antes, a motivação é uma das principais
peças deste jogo. Tenho colegas que continuaram estudando e passaram em
outros grandes concursos. Digo que cada um tem uma trilha nesta vida, o
feeling vai dizer em qual sentido seguir.
Ao longo,
digamos, da sua “trajetória de reprovações” em algum momento você pensou
em desistir ou não mais encontrou o apoio de que necessitava para
continuar tentando?Sinceramente, as reprovações não
fizeram o menor abalo na minha meta. Talvez eu tenha ficado triste por
uns três segundos, mas como disse acima, dentro de mim já existia algo
diferente, parecia que eu sabia que aquilo fazia parte do caminho, que
era um simples treinamento. Tinha na mente algo muito consolidado quanto
às reprovações, eram só uma etapa. No outro dia já estava estudando
como se estivesse em um degrau acima do que passou.
Fabrício Bittencourt - "O Livro do Concurso Público"
O que o motivou a escrever “O Livro do Concurso Público”?
Alguns anos atrás eu era Promotor de Justiça no interior do Paraná e
havia decidido continuar minha carreira de concurseiro em busca da
aprovação para a magistratura do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
A vida estava a mil porque, além das atribuições junto ao Ministério
Público, tinha compromissos acadêmicos em Curitiba (onde fazia Mestrado e
Especialização) e em Guarapuava (onde ministrava aulas de Teoria da
Constituição e Processo Constitucional).
Nessa época notei que a
preparação para concursos públicos não envolvia apenas o estudar
dedicado; ela abrangia muito, muito mais do que isso. Foi um tremendo
insight. Estava convicto de que, em termos de horas de estudo, diversos
candidatos usufruíam de condições mais apropriadas do que as minhas.
Então, passei a elaborar uma lista com variadas atitudes, posturas,
motivações e técnicas que pudessem turbinar minha preparação,
compensando-se, de alguma forma, o escasso tempo disponível.
O
ponto central de minhas reflexões era: o que posso fazer além de
estudar? Os resultados foram extremamente positivos e por isso decidi
compartilhar o que aprendi na prática: equilíbrio físico, mental,
espiritual e biológico como fatores favoráveis ao sucesso num cenário
tão competitivo como o dos concursos públicos. A pequena lista foi
incrementada e lapidada, durante seis anos, por inúmeros acertos e
equívocos até que atingiu, neste ano de 2011, a maturação adequada. Daí a
publicação de O LIVRO DO CONCURSO PÚBLICO.
Quais as principais questões abordadas n’ “O Livro do Concurso Público”?Apresento
O LIVRO DO CONCURSO PÚBLICO como uma opção totalmente diferenciada dos
demais trabalhos que versam sobre esse tema. Ele foi escrito de forma
que o leitor, independentemente de sua idade e de sua formação, sinta-se
à vontade para acolher somente os aspectos da obra que mais lhe pareçam
oportunos.
Os capítulos são curtos, permitindo leitura rápida, sem perda de
atenção e viabilizando consultas futuras a qualquer um dos 59 assuntos
abordados. Característica muito marcante é a abordagem motivacional. Em
vários momentos o leitor encontra mensagens de apoio e incentivo,
combustíveis essenciais para o sucesso no ramo dos concursos públicos.
O
seu atual cargo e as demais ocupações (magistratura e docência)
representam o alcance pleno de seus objetivos profissionais ou ainda
pensa em participar de novos desafios futuramente?Sempre
defendi que a magistratura e a docência, além de plenamente
compatíveis, são atividades que se complementam. Muito do que aprendo no
desempenho da magistratura serve de exemplo para meus alunos e muito do
que estudo para a vida acadêmica tem grande aplicabilidade na
jurisdição.
Uma das grandes virtudes do concurseiro é saber a hora
de parar. Deixei de ser concurseiro porque identifiquei, nas carreiras
que desempenho, plena satisfação profissional. Entretanto, pretendo
jamais relegar a necessidade de transmitir o que aprendi nessa árdua e
compensadora jornada.
Ao longo, digamos, da sua
“trajetória de reprovações” em algum momento você pensou em desistir, ou
deixou de encontrar o apoio de que necessitava para continuar tentando?
Enquanto nos preparamos para concursos é normal sentirmos dúvidas a
respeito de nossa evolução, não sabermos se estamos estudando de forma
correta e termos receio de estarmos desperdiçando tempo e energia com
atitudes desordenadas, fora de foco. Dificilmente encontramos um ponto
para referência. Sem referência não há boa noção a respeito de nossa
eficácia enquanto candidatos.
Durante a preparação para
concursos, ainda que nos submetamos a diversos deles – e nessas ocasiões
os números apresentem-se como aliados importantíssimos –, há amplos
intervalos temporais nos quais sentimo-nos como se estivéssemos à
deriva. Estudamos firme, mas sem saber com precisão se estamos realmente
progredindo. O único conforto que pode nos ser proporcionado nesses
momentos é ter a consciência tranquila, somente atingida por quem vem
trabalhando com dedicação e, acima de tudo, disciplina.
Nesse
período acontece de tudo. Vem aquele sono justo na hora em que estamos
lendo um assunto importante, nosso rendimento parece não alcançar as
expectativas iniciais, inúmeros compromissos surgem justo quando
precisamos de tranquilidade e isolamento para melhor nos concentrarmos.
Gripes, dores de cabeça e problemas mais sérios de saúde dificultam a
continuidade em nossa rotina de estudos. Em geral, muitos imprevistos
atrasam nosso cronograma. Os horários para estudo, meticulosamente
escolhidos e delimitados numa folha de papel, na prática apresentam-se
apertados, insuficientes.
Às vezes permanecemos semanas sem
estudar, pegamos um livro ou apostila já lida e, para nossa surpresa,
não lembramos de quase nada. Surgem-nos aquelas terríveis sensações de
insegurança e medo. Tememos os passos seguintes, colocamos em dúvida
nossa própria capacidade e pressupomos que os outros detêm muito mais
competência para atingirem seus objetivos.
Preocupação, irritação
e dúvida são nossas inseparáveis companhias em quadros como esses,
delimitados por molduras opressoras, capazes de minimizar nossas
energias ao ponto de pensarmos em desistir. Nesses momentos, paciência é
essencial. Amarga e indispensável.
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